quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Eutanásia

Venha beijar meus lábios
com o calor da paixão
que tua presença inspira;
Beije-me como se fincasse pregos em minha língua.
Tampe meus olhos e escureça minha visão,
para que eu enxergue apenas com meu cérebro,
que se enche de medo
em meio há escuridão.
Fale ao meu ouvido,
obscenidades, palavras de um ritual profano,
provocando arrepios por todo o meu corpo.
Encharque minha boca com cianureto,
sumos venenosos, porções letais.
Extraia meu coração
com tuas mãos,
segura-o ainda pulsando
e sentindo escorrer por entre teus dedos
meu sangue quente,
devora-o como o fruto proibido.
Petrifica todo o meu corpo,
faz minha pupila dilatar com o teu horror,
e deixa-me sentir o suave cheiro de prazer
que teu corpo exala neste instante.
Arranque-me o último grito,
quase um gemido de gozo,
deitado, entregue em teus braços,
eternamente.