segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Suicidou-se com Barbitúricos


O café de hoje é presente de um parceiro das antigas, o último dos românticos!

Suicidou-se com Barbitúricos


Quero um poema dos antigos,
destes com farmácia com "ph".
Destes que, numa nota de jornal amarelado,
tem lá em letras garrafais:
 “CORPO DE MULHER ENCONTRADO. SUICIDOU-SE COM BARBITÚRICOS.”

Quero o poema dos aromas de ácaros.
Quero um poema com fragrância de lavanda.
Quero o poema para o vestido da Joana...
Quero o poema do fraque de Oswald...

Quero o poema demodée.
Poema velho, cheio de rimas e métricas que desagradem os modernos.
Quero o soneto alexandrino.
Quero a poesia, cheio de lamúrias e paixões proibidas, não correspondidas, imorais...

Quero o poema encontrado, folha dobrada,
num exemplar de um clássico, página tal, junto a pequena flor amassada...
Poema achado pelo neto,
poema do avô para a avó,
na época em que eram Lininha e Josué,
meros namorados,
uma fotografia em desboto: datada, 1926. 

(Mateus Dourado)



sábado, 1 de dezembro de 2012

Teoria da Natureza Pragmática

Mais uma em parceria com meu psicodelico amigo De Rocha.

A natureza supostamente dita as regras;
Erroneamente ou irrefutavelmente certa.
Aliada ao caos, compõe as coisas com o tempo,
Inegavelmente em duplo sentido;
O mesmo sentido comparado com fatores indeléveis criados por si;
Como sentir a dor da criação do universo,
O big-bang explodindo em meu peito,
A solidão e o silencio do universo assistindo a desordem...
Como conter o impacto, deter as explosões?
“Tudo pode ser uma equação, um calculo matemático,
É só definir a trajetória de colisão...”
Meu sonho é uma super nova, um planeta que morre naturalmente,
...Apenas mais um planeta que morre...
Deixe que o tempo passe, desde que o tempo cure.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Ó infelizes mortais


Ó infelizes mortais, ó terra deplorável,
Ó ajuntamento assustador de seres humanos!
Eterna diversão de inúteis dores!
Filósofos alienados que proclamam:
- tudo vai bem!Venham contemplar essas ruínas horrendas, esses destroços, esses farrapos, essas cinzas malditas, essas mulheres e essas crianças amontoadas sob mármores partidos, seus membros espalhados;
Cem mil desafortunados que a terra devora que sangrando dilacerados e ainda palpitando enterrados sob seus tetos, sucumbem sem socorro, no horror de tormentas findando seus dias!
Diante dos gritos de suas vozes moribundas, do horror de suas cinzas ainda crepitantes, vocês dirão:
-É a consequência de leis eternas que um Deus livre e bom resolveu aplicar?!
Vocês dirão, vendo esse amontoado de vítimas:
-Deus vingou-se, e a morte deles é o preço de seus crimes?!
Que crime, que falta cometeram essas crianças esmagadas e sangrentas sobre o seio materno?
Lisboa, que não mais existe, teria mais vícios que Londres, que Paris, submersas em delícias?
Lisboa está destruída e dança-se em Paris.
Espectadores tranquilos, intrépidos espíritos, contemplando a desgraça desses moribundos,Vocês procuram, em paz, as causas do desastre:
-Tudo vai bem, dizem vocês, e tudo é necessário.
Por acaso o universo, sem esse abismo, infernal, sem submergir Lisboa, estava sendo pior?

(Voltaire)


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Último Poema

Assim eu queria meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais,
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas,
que tivesse a beleza das flores quase sem perfume,
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos,
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

(Manuel Bandeira)


sábado, 25 de agosto de 2012

O Vazio


O vazio invade o corredor
E desce as escadas do porão,
Escolhe uma arma na galeria da dor,
Devora sentimentos nobres do teu coração;

Sobe as escadas e chega até a sala
Onde teu pai assiste TV,
O vazio então saca a arma,
O que mais pode acontecer...

Volta pelo corredor e descobre a lavanderia,
Tua mãe, subserviente, pequena,
Ninguém lhe deu o valor que merecia,
O vazio não sente pena...

Outra vez o corredor, as escadas do segundo andar,
Chuta a porta do quarto da tua irmã,
Vocês nunca suportaram nem se falar,
Aquela vagabunda levava uma vida tão vã...

E o vazio percorre através de fibra óptica,
E alcança o céu, as estrelas, teu cerebelo,
Com ondas de vibração hipnótica
Deturpa tudo que é feio em belo.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Proposta de uma carta suicida


O amargo café de hoje foi presente de um amigo “de rocha”. O texto é de Ricardo Durães, com quem já dividi alguns versos em outros poemas e muita filosofia em outras garrafas. O poema foi escrito após ele ler “Carta Suicida” (http://www.lentosvenenosamargoscafes.blogspot.com.br/2011/02/carta-suicida.html ).



Proposta de uma carta suicida


Ultrapassando as mais belas melancolias do ser;
Vidas alegremente tristes por motivos idiotas;
“Psicodelias” com Higão e De Rocha em momentos inoportunos;
Convido-te a provar do mais puro cálice de sangue e amor;
Deliciará o prazer de saber o que não é vida;
Totalizando o oposto de tudo que será e/ou foi perfeito;
Derramará lágrimas que subestimam tudo que foi vivido;
Atrairá pessoas que pensam, ...exorcizam seu amor demasiadamente!
Proponho-te um passeio pelo mar da solidão brusca e pragmática;
Verás o quanto valeu a pena não ter lido trechos de filosofia de Nietzsche;
Agradeça-me pelos momentos de desgosto e estórias;
Pelas passagens em outros mundos, nos mundos estúpidos em que passamos;
Abraça na desilusão do teu corpo, tua única alegria de viver;
Delicia-se na vergonha do teu passado fúnebre e do seu excelente caráter frívolo;
Esperarei o dia de tua partida; Ansioso, ofegante;
Fará parte do teu mundo; Um mundo cheio de desigualdades e elegâncias mortas;
Abraço-te, assim será melhor, tenhais mais graça sentindo esse cheiro de hipocrisia;
Tua perseverança te guiará pelo teu passado, peremptoriamente falando.


terça-feira, 10 de julho de 2012

Russo Suicida

Brindamos hoje com um ótimo veneno Russo, presente do querido amigo Vini Ras o mais baiano dos cariocas e mestre  Jedi das artes.

Russo Suicida

Ontem a noite
eu vi o seu retrato
quando em sonho
fui ao plano
etéreo passear
Pois a vida aqui
andava um saco
e os copos de veneno
não adiantam

"Mas você ri como uma menina
que se atormenta com seus pensamentos"
Eu sou um russo suicida
que a vã lembrança atormenta

Lá estavam
eu você nós dois
e todos os nós
que se atavam a nós
mesmo de sós

Mesmo se tratanto de quimera
aquela primavera
que era tão bela
pertenceria a nós

"Mas você ri como uma menina
que se atormenta com seus pensamentos"
Eu sou um russo suicida
que a vã lembrança atormenta.




sexta-feira, 22 de junho de 2012

Desabafo 1

O mundo vive um momento insano de vagas novidades. Raros atos são merecedores de atenção, no entanto, é nítido que a hipocrisia ascende velozmente rumo ao seu ápice, convertendo verdades dúbias em história, deturpando valores, coragem, amor e fé em gestos abomináveis.
A humanidade histérica e estéril vive sua era de merda e eu não sei por mais quanto tempo posso viver respirando a plenos pulmões todo esse excremento.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Anatomia dos Amantes

Todas as pessoas possuem, basicamente, a mesma anatomia. Dois braços, um nariz, um dedão em cada pé, dois joelhos, uma cabeça, enfim, temos praticamente a mesma fôrma. Porém quando a química do amor acontece passamos por uma metamorfose que foge ao nosso controle, nos transformando em uma mistura de corpos muito louca.
Não se assuste, não estou falando que você virou uma espécie de Frankenstein! A mudança é invisível e a maioria dos enamorados não entende que ela acontece, apenas sentem as diferenças no organismo.
De repente percebemos que dois braços são escassos pra abraçar, que é preciso de quatro pra poder além de segurar também sentir seu tronco cercado, que o futuro se torna menos obscuro porque temos quatro olhos olhando pro mesmo horizonte, e que dois pés são suficientes pra andar, mais pra dormir é necessário um terceiro.
Aprendemos que a pele se aquece com nossas quatro mãos, que o nosso nariz adora estar pregado no segundo pescoço e que pra emagrecer podemos por as duas pernas pra correr, entretanto com nossas quatro juntas queimamos mais calorias com mais prazer.
Revezamos as costas na outra barriga ou a barriga nas outras costas e descobrimos que metade nossa pode corre pro quarto quando uma barata aparece porque a outra vai estar na sala com a sandália em punho. Entendemos que medo passa quando nossos vinte dedos estão entrelaçados, que o gosto do sorvete é ainda melhor na outra boca e que existe uma música que foi feita pra os nossos quatro ouvidos. Nunca vamos nos conformar com as cadeiras de cinema porque os acentos não são pra bunda dupla!
E por fim nos conscientizamos que o nosso coração, que antes eram dois, se tornou um, batendo no mesmo ritmo, disseminando em nós a vontade de fechar os quatro olhos, entrelaçar os vinte dedos, enrroscar as quatro pernas, colar nossas duas bocas e vivermos nossas duas vidas em um único sonho.

Para Fernanda Cunha, minha metade.


sábado, 2 de junho de 2012

Poema

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei um tempo,

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo,

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim,

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás.
(Cazuza)


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

(Oscar Wilde)






quarta-feira, 28 de março de 2012

Servimos hoje um café sem açúcar especial, preparado por uma amiga que admiro muito. Boa degustação a todos.

Anti-Social

Desejo tragar esta dor burguesa
A nicotina, narcótico de um mundo vão
Este cheiro de metal oxidado
Teoremas, tema inventado
Ferro ferido, ferrugem matemática
Perdida, fumaça metafórica
E num texto o pretexto, vã gramática
Da rima desarrumada, hiperbólica.

Varrer o coma acometido em tédio
Vestir os homens nus de pão e almas
Alcoólica existência, nervo sério
Vômito indômito, crianças peladas.
Olhos sem íris, Ísis maltratada.

E no instante, pelves perplexas
Geram camadas de gente, desconexas
Língua ácida, girândolas anacrônicas
De traças, o estrago,
Da sede, o indulgente trago
Páginas puídas, anatômicas
Um livro rabiscado.

(Jailda Santana)


quarta-feira, 14 de março de 2012

José Malandragem

Fez da vida um cordel,
Da sua tenda um bordel,
Dos seus sonhos samba enredo,
Da sua noite a manhã bem cedo;

Era fácil ouvir a alegria que passava
Nas noites de divina farra,
Sentava ao pé da lua
E movimentava toda a rua;

Tinha o corpo fechado e protegido
Pelo santo que era regido,
No peito o colar de contas vermelho vivo,
De Iansã era filho querido;

Os mais novos o admiravam,
As moças suspiravam,
O mais velho: Conheço bem a peça!
E Zé Malandragem fazia a festa;

No dia do seu nascimento
Mãe Preta achou atrevimento,
Como é que um branco sarnento
Nasce com tanto mamolengo;

Pras putas era um rei,
Quantas moças? Nem sei.
Pro pai de boa família
Temor por sua filha;

Mas uma triste madrugada chorou
Que a malandragem encerrou,
E o comentário de desgosto
Provocou grande alvoroço;
  
É que uma moça donzela,
Dentre todas a mais bela,
O coração do home roubou
E pro altar o carregou;

Mas “malandrear” não é pecado,
Quem tem ginga não fica parado,
Onde tiver som de batucagem
Vai sempre ter José Malandragem.


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Dinamite e gasolina

Andei matando algumas pessoas dentro de mim
Acreditando que mataria também a dor da sua ausência,
Fugindo pela estrada errada sem enxergar o fim,
Totalmente cego em minha consciência;

As sombras encobriram o céu de brigadeiro
Fazendo de mim essa criatura,
Nem orvalho nem vento em meu cabelo
Só meus olhos cheios de loucura;

Nada vai me parar,
Como uma bala perdida
E nada pode me parar,
Traga de volta minha vida

Embalado pelas pedras que piso pelo chão,
Dinamite e gasolina combustível do meu coração.
Pólvora pronta pra explodir em um canhão
Vou detonando tudo que encontro então!

Como um trem desgovernado
Carregado de dor,
Com meu peito rasgado
Não encontro amor.

Nada vai me parar,
Como uma bala perdida
E nada pode me parar,
Traga de volta minha vida


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Culpa 1

Estava tudo tranqüilo, equilibrado e sereno como um espelho d’água imperturbado. Aí caiu a merda no vaso e a água se agitou e ficou marrom e fedida. Pensei em usar uma pedra pra terminar a metáfora, mais merda se encaixa melhor porque, no final das contas, toda dor que sentimos é provocada por uma grande cagada que cometemos, mesmos quando pomos a culpa no cú dos outros.
Gostaria de poder culpar o cú de alguém. 
Esse sentimento maldito tá me corroendo agora, e eu desconto no café e cigarro porque não tenho uísque em casa.
Encher a cara na parceria de um bom amigo seria um bálsamo. Não, melhor seria na companhia de um estranho, discutindo com profundidade sobre qualquer idiotice, e no final da esbórnia, o aconchego de um ombro pra chorar. Um ombro puro, boiando no ar, sem corpo, sem dedo acusador, sem conselhos, sem olhar piedoso, sem carinho, sem tapinha nas costas e “é assim mesmo”. Só o osso revestido de carne pra eu poder molhar com lágrimas e coriza.
Dizem que chorar alivia, mas chorar pra mim é complicado (enquanto sóbrio). Quando eu era pequeno meu pai dizia que homem não chora, e eu, com medo de ser taxado de “mulherzinha”, levei a lição a ferro e fogo. Me lembro de ter chorado apenas uma vez, quando o Brasil foi tetra-campeão, mas aí foi comoção geral, não conta. Minha mãe dizia que era só rezar e pedir desculpas a Deus que nos livrávamos da punição pelo pecado.
Na verdade não era bem isso que ela dizia. Tinha mais alguma coisa sobre arrependimento verdadeiro e fé. No entanto entre conversar sozinho e te escrever, já que as duas alternativas parecem covardia, preferi te escrever por que, a meu ver, é a opção menos insana.
Então, já que optei agora por escrever, concordemos que esse é o primeiro parágrafo da carta:
Peço-te desculpas. Me arrependo e sinto-me culpado...  


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nossos Silêncios

O celular toca, por reflexo condicionado cerro os olhos mesmo usando os óculos, para identificar a chamada no visor. Atendo e imediatamente do outro lado uma voz seca me dispara:
 - Alô...
- Oi, e aí como vai? Tudo bem?
- Tudo...
(Pequeno intervalo de silêncio) Percebo o enorme desanimo que impregna sua voz.
Continuo:
- Por aqui tá tudo em paz também...
- É...?
- Ia te ligar, mais tava sem crédito, como estão todos por aí?
- Bem, tá todo mundo bem...
(Um intervalo um pouco maior)
Não sei bem o que falar, gostaria de dizer algo animador, ter uma boa noticia:
- Acho que vou aí na próxima semana, vai ser rápido mais preciso ir, já até negociei a folga no trabalho pra poder viajar com mais tranqüilidade.
-Vem até aqui?
-Claro! Vai ser um pouco corrido, mais vou sim.
-Que bom...
-E o que me conta, alguma novidade?
-Não. Nada de novo aqui, tudo do mesmo jeito... Parece que nada vai mudar nunca...
(Um suspiro pesaroso e o silêncio dramático)
Percebo que nada do que eu disser vai animá-la. Aquele era um dialogo inútil. Não conseguiremos dividir nossas angustias. Eu permanecerei fingindo que estou bem e ela insistindo em me mostrar o quanto estava sofrendo. Sem acusações, me imputava a posição de co-responsável de sua tragédia pessoal. Cansado, vacilo e é ela quem retoma a conversa:
-Tá bom, só liguei pra saber como é que tava. Durma bem, tchau. 
Como se levasse um soco, tento reagir:
- Espera! Tá acontecendo alguma coisa?
- Não tá tudo bem... (Com voz de choro)... Boa noite dorme com Deus, tchau.
(como se algum de nós dois realmente acreditasse em deus).  
Já percebendo o tom de pena e tristeza em minha voz, respondo:
- Tá, boa noite dorme bem...
E, sentindo aquela conhecida angustia no peito, quase sussurrando:
-... te amo.