sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Caboclo d’água

Um raio riscou no alto,
Rasgando a placenta do céu,
Deixando cair cristais de água,
Que desabaram lavando o ar sujo,
Como se fosse um parabrisa
Cheio de poeira e insetos esmagados.
Iluminados por olhos de relâmpago,
Dois pés descalços correm pelo asfalto
Flutuando sob o vapor seco e rasteiro,
Seu peito encharcado de coragem
Recebe com alegria aquela dádiva
E apesar de a sua volta existir um deserto de presenças,
Ele não se sente mais só na chuva.