sábado, 30 de outubro de 2010

Batalhas

Falta pouco para tocar-lhe,
Intransponíveis guerreiros se erguem ao meu redor,
Apesar das armaduras
Seus corpos de Apolo estão nus;
Suas veias pulsam como serpentes azuladas,
Tão serenas quanto peçonhentas.
Ao seu ataque,
Por comandos cerebrais alquímicos,
Transformo-me em vento norte...Gelado...
Ultrapasso seus corpos quentes,
Tão suave quanto o roçar de seus cabelos em sua pele,
Tão irado quanto um Titã.
Há vejo, só que estás distante.
Como uma imóvel arquitetura de rocha,
Observa-me com olhar de esfinge. 
Monto em meu cavalo alado
E empunho uma lança mística
Cedida a mim por um mago ancestral;
Lacrimosa córnea de crocodilo se conecta a minha visão,
Então estilhaço o último obstáculo que nos divide,
E a lógica tomba inerte nas areias do deserto.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Analista Doidão

Meu analista diz que eu tô maluco,
Que minha lógica é irreal,
Que sou fruto do absurdo,
Que minha cuca não tá legal;

Meu analista chama a mãe pra me olhar:
Venha ver o quê estou a estudar;
Um macaco enjaulado a gritar,
No meu cérebro a pular;

E o analista doidão a receitar:
Gardenal, Vodka, Diasepan;
Tá preocupado com a luz pra pagar,
Minha insanidade continua sã;

Meu analista junta a família, os amigos, o totó,
Todo mundo a me “urubuservar”,
Procurando razões, sentido, borogodó,
Mas a verdade ninguém quer aceitar,

O meu analista espera ansioso pelo dia
Que lancem o manual de instruções do macaco,
Pois com essa tecnologia terá a alegria
De abaixar o volume dos meus pensamentos “inexatos”

Faço um raio-X da situação,
Vejo além da limitação
Desses analistas “pé no chão”
E o macaco na minha cabeça chega à conclusão,

O mais fácil está em fingir que não vê,
Analisar quem não quer ser igual,
 Viver sem saber pra quê
Mesmo que isso te faça mal.


sábado, 16 de outubro de 2010

A Fábrica de Monstros

Em seu quintal, sob um quartinho escuro,
Deus tem um porão imundo e úmido,
onde, sujos de graxa,
trabalham anjos decaídos
em máquinas sem numero de série,
ou qualquer registro na receita celeste.

Com pedaços de ferro velho, lama e alquimia,
veias, sangue, órgãos contrabandeados e solda;
Funcionando vinte e quatro horas a todo vapor
a Fábrica de Monstros não pára.

E depois de expor na galeria do horror,
com orgulho, a sua “mercadoria”
Deus veste a sua outra mascara
e como camelô distribui sem nota fiscal,
suas peças na grande feira global.

E o povo compra:
Prefeitos e vereadores
seca, fome e desnutrição,
terrorismo, guerras e fanatismo,
tudo é muito baratinho, pague um e leve dois;
Violência, narcotráfico, abuso de poder,
tudo pago com silêncio ou passividade,
dormência na consciência ou letargia.

E enquanto a Terra vira uma grande panela de pressão
Deus comemora com seus funcionários
o fechamento das metas
e o lucro fácil de uma vida clandestina.


sábado, 9 de outubro de 2010

Ganância

Me mostre os seus dedos cortados
por conta dos anéis que não quis perder,
O seu mundo vazio com suas paredes de ouro
que te cegaram no primeiro amanhecer;
tudo é tão triste, a sua vida, o seu vício,
essa busca por esse estranho prazer.
Me mostre as suas “grandes conquistas”
onde vale tudo pra se chegar ao cume do poder.