sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Frankenstein


Não tenho medo da morte, não me preocupa o insondável desconhecido pós vida, pelo menos não agora em vida. Também não temo a velhice, meus cabelos brancos já evidentes ou a calvície inevitável. Previsões catastróficas, baratas, bicho papão ou o capeta também não me abalam. Temo somente que um dia essa bruteza arcana tatuada como código em minhas artérias me transforme de vez em algo rígido e menos humano, qualquer coisa entre o cansaço das decepções, desilusões, fúria e a coragem que move meus ideais, alguns desejos altruístas e o dom de amar. Temo que algum dia pra acordar seja necessário uma descarga elétrica que externa porque minhas conexões cerebrais não suportaram tanta estupidez e hipocrisia impostas repetidamente como ração a um pato que só interessa o foie gras. Temo que os remendos dessas coisas boas se transformem em membros mortos remendados e eu, em meu todo, me torne a criatura de Mary Shelley.


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Última Tribo

E é quando o vazio me invade,
Que eu deixo meu peito se encher de saudade
Dos nossos fins de tarde
Da curtição sem frescura ou maldade;

Reunidos como se fossemos a última tribo
Desfrutando do nosso mundo proibido
Festejando a liberdade
Que só se encontra na amizade;

Reggae, MPB, Chapada ao violão
Até que a noite caia da imensidão
Fogo na tocha ampliando a visão
Mudar o mundo era nossa missão;

Hoje na foto os sorrisos em branco e preto
Protegidos pela moldura de espelho
Cada vida segue sua vida
Cada início foi uma despedida;

Ficam os laços de afeto e as canções
O verdadeiro e infinito amor em nossos corações
As correntes indestrutíveis do passado
E a esperança de um futuro lado a lado.

Reunidos como se fossemos a última tribo
Desfrutando do nosso mundo proibido
Festejando a liberdade
Que só se encontra na amizade

Reggae, MPB, Chapada ao violão
Até que a noite caia da imensidão
Fogo na tocha ampliando a visão
Mudamos nosso mundo desde então;

Ficam os laços de afeto e as canções
O verdadeiro e infinito amor em nossos corações
As correntes indestrutíveis do passado

E a esperança de um futuro lado a lado.


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Privilégio



Acho que a ignorância é um privilégio, um beneficio concedido como um dom especial a todo ser humano. 
Optar por levantar-se do conforto da estupidez é escolher o caminho da tormenta, é aprender a enxergar as verdades, muitas vezes dúbias, é descobrir seu caminho através de seus próprios passos, é renegar o comodismo letárgico das formulas e conceitos pré-fabricados e preconceituosos, é se tornar um pária funcional, é descobrir que sua opinião às vezes não agrada nem a você mesmo. 


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Universo Paralelo


A sensação que tenho é de que algo está fora do lugar, como se a mobília da sala de estar tivesse sido substituída pela da cozinha, entretanto, eu sou o único a perceber.
É como se carregasse um barril de pólvora, nas costas, prestes a explodir e nessa explosão meu corpo ficará em pedaços divididos entre o que eu vejo e o que você ignora. Não sei como explicar, eu cerro os olhos pra ver o céu azul cristalino, todavia, minha retina registra um futuro cinza relampejante. Dizem que é a sensibilidade do poeta, enxergar sempre o drama à frente do seu caminho... Pobres almas românticas.
Sinto que sou consumido por esse sentimento, essa ambiguidade paradoxal, e não encontrarei fuga desse universo paralelo enquanto não conseguir beber tua verdade.