sexta-feira, 22 de junho de 2012

Desabafo 1

O mundo vive um momento insano de vagas novidades. Raros atos são merecedores de atenção, no entanto, é nítido que a hipocrisia ascende velozmente rumo ao seu ápice, convertendo verdades dúbias em história, deturpando valores, coragem, amor e fé em gestos abomináveis.
A humanidade histérica e estéril vive sua era de merda e eu não sei por mais quanto tempo posso viver respirando a plenos pulmões todo esse excremento.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Anatomia dos Amantes

Todas as pessoas possuem, basicamente, a mesma anatomia. Dois braços, um nariz, um dedão em cada pé, dois joelhos, uma cabeça, enfim, temos praticamente a mesma fôrma. Porém quando a química do amor acontece passamos por uma metamorfose que foge ao nosso controle, nos transformando em uma mistura de corpos muito louca.
Não se assuste, não estou falando que você virou uma espécie de Frankenstein! A mudança é invisível e a maioria dos enamorados não entende que ela acontece, apenas sentem as diferenças no organismo.
De repente percebemos que dois braços são escassos pra abraçar, que é preciso de quatro pra poder além de segurar também sentir seu tronco cercado, que o futuro se torna menos obscuro porque temos quatro olhos olhando pro mesmo horizonte, e que dois pés são suficientes pra andar, mais pra dormir é necessário um terceiro.
Aprendemos que a pele se aquece com nossas quatro mãos, que o nosso nariz adora estar pregado no segundo pescoço e que pra emagrecer podemos por as duas pernas pra correr, entretanto com nossas quatro juntas queimamos mais calorias com mais prazer.
Revezamos as costas na outra barriga ou a barriga nas outras costas e descobrimos que metade nossa pode corre pro quarto quando uma barata aparece porque a outra vai estar na sala com a sandália em punho. Entendemos que medo passa quando nossos vinte dedos estão entrelaçados, que o gosto do sorvete é ainda melhor na outra boca e que existe uma música que foi feita pra os nossos quatro ouvidos. Nunca vamos nos conformar com as cadeiras de cinema porque os acentos não são pra bunda dupla!
E por fim nos conscientizamos que o nosso coração, que antes eram dois, se tornou um, batendo no mesmo ritmo, disseminando em nós a vontade de fechar os quatro olhos, entrelaçar os vinte dedos, enrroscar as quatro pernas, colar nossas duas bocas e vivermos nossas duas vidas em um único sonho.

Para Fernanda Cunha, minha metade.


sábado, 2 de junho de 2012

Poema

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei um tempo,

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo,

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim,

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás.
(Cazuza)