Fez da vida um cordel,
Da sua tenda um bordel,
Dos seus sonhos samba enredo,
Da sua noite a manhã bem cedo;
Era fácil ouvir a alegria que passava
Nas noites de divina farra,
Sentava ao pé da lua
E movimentava toda a rua;
Tinha o corpo fechado e protegido
Pelo santo que era regido,
No peito o colar de contas vermelho vivo,
De Iansã era filho querido;
Os mais novos o admiravam,
As moças suspiravam,
O mais velho: Conheço bem a peça!
E Zé Malandragem fazia a festa;
No dia do seu nascimento
Mãe Preta achou atrevimento,
Como é que um branco sarnento
Nasce com tanto mamolengo;
Pras putas era um rei,
Quantas moças? Nem sei.
Pro pai de boa família
Temor por sua filha;
Mas uma triste madrugada chorou
Que a malandragem encerrou,
E o comentário de desgosto
Provocou grande alvoroço;
É que uma moça donzela,
Dentre todas a mais bela,
O coração do home roubou
E pro altar o carregou;
Mas “malandrear” não é pecado,
Quem tem ginga não fica parado,
Onde tiver som de batucagem
Vai sempre ter José Malandragem.
Muito bom, ao ler minha imaginação foi ao tempo da boemia.
ResponderExcluirMesmo sabendo que nitidamente podemos trazer esse texto para o tempo contemporâneo não teria a mesma afeição que nessa espoca.
Brilhante texto, parabéns Higão.
A ideia era justamente essa Israel, imaginar um tempo mais Romântico. Obrigado pela sua visita, sinta-se a vontade para vir tomar um cafezinho amargo sempre que desejar. Grande abraço.
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