segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Suicidou-se com Barbitúricos


O café de hoje é presente de um parceiro das antigas, o último dos românticos!

Suicidou-se com Barbitúricos


Quero um poema dos antigos,
destes com farmácia com "ph".
Destes que, numa nota de jornal amarelado,
tem lá em letras garrafais:
 “CORPO DE MULHER ENCONTRADO. SUICIDOU-SE COM BARBITÚRICOS.”

Quero o poema dos aromas de ácaros.
Quero um poema com fragrância de lavanda.
Quero o poema para o vestido da Joana...
Quero o poema do fraque de Oswald...

Quero o poema demodée.
Poema velho, cheio de rimas e métricas que desagradem os modernos.
Quero o soneto alexandrino.
Quero a poesia, cheio de lamúrias e paixões proibidas, não correspondidas, imorais...

Quero o poema encontrado, folha dobrada,
num exemplar de um clássico, página tal, junto a pequena flor amassada...
Poema achado pelo neto,
poema do avô para a avó,
na época em que eram Lininha e Josué,
meros namorados,
uma fotografia em desboto: datada, 1926. 

(Mateus Dourado)



Um comentário:

  1. Ah, Higão... Uma honra participar do seu badaladíssimo blog, um veículo cultural dos melhores e do qual sou fã de carteirinha (hehe). Obrigado pela honra, amigo !!! Abraços !!!

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